Quais são os efeitos do estrabismo na qualidade de vida?
O Estrabismo se dá quando há um desalinhamento dos olhos e o indivíduo não consegue olhar simultaneamente para o mesmo ponto.
O Estrabismo pode afetar a qualidade de vida, não só pelas questões estéticas, mas também por questões relacionadas à saúde dos pacientes.
Um estudo realizado por Am J Ophthalmol entrevistou 30 adultos com estrabismo, 17 com diplopia e 13 sem diplopia foram recrutados.
Entrevistas individuais, usando 11 questões abertas, foram gravadas em áudio, transcritas e as transcrições revisadas independentemente por 3 pesquisadores. As frases sobre como o estrabismo afetou a vida cotidiana foram agrupadas em áreas temáticas e a frequência de cada tópico analisado para indivíduos com e sem diplopia.
Neste artigo, falaremos um pouco mais sobre esse estudo e de como o estrabismo impacta na qualidade de vida das estrábicos.
A diplopia, também conhecida como visão dupla, acontece quando o os olhos não estão alinhados corretamente e a pessoa acaba enxergando dois objetos ao invés de um só. Por isso, muitos estrábicos apresentam diplopia.
No estudo citado anteriormente, dos efeitos do estrabismo na qualidade de vida, esses indivíduos foram separados e os resultados foram analisados para determinar a frequência com que tópicos específicos foram mencionados por pacientes com e sem diplopia.
Nosso cérebro é tão responsável quanto os nossos olhos pela visão. É no cérebro que as imagens captadas pelos olhos são interpretadas.
Em pessoas com a visão normal e olhos alinhados, eles se fixam nos objetos e cada um deles focaliza uma diferente imagem. As duas imagens captadas são passadas para o cérebro e se transformam em uma só.
Nos estrábicos, como um dos olhos apresenta um desvio, que pode ser (para dentro, para fora ou na vertical), o estrábico enxerga com menor senso de profundidade, uma vez que o cérebro só consegue interpretar uma imagem.
Isso acontece porque o estrábico não consegue enxergar a mesma imagem com os dois olhos ao mesmo tempo.
A estereopsia é a responsável por medir as diferenças das imagens captadas por cada olho individualmente e depois fundi-las. Com a falta dela, a pessoa estrábica perde a sensação espacial das imagens e da profundidade dos objetos no campo visual,o que limita a enxergar imagens em 3D.
Estrabismo em adultos causa uma ampla gama de problemas de qualidade de vida; para pacientes com diplopia, os problemas mais comuns identificados neste estudo foram:
Enquanto para pacientes sem diplopia as preocupações mais comuns foram:
Pacientes com e sem diplopia freqüentemente identificaram problemas com:
Algumas áreas pareciam afetar apenas pacientes com diplopia, por exemplo:
Pacientes com estrabismo sofrem, muitas vezes calados, as consequências de um estrabismo que não foi devidamente tratado. Outros, muitas vezes, já poderiam estar curados e vivendo melhor. Não tenha vergonha de dizer o que está sentindo, se o estrabismo faz você se sentir mal, procure ajuda!
Existe um mito ainda muito forte de que o estrabismo deve ser tratado e operado apenas na infância, mas isso não é verdade! Se você não teve a oportunidade de tratar ou operar na infância, você pode começar o tratamento agora mesmo! Nunca é tarde para se sentir bem!
Como vimos no estudo, pessoas com estrabismo podem ter sua qualidade de vida afetada, sofrer com dores nos olhos, dores nos olhos e de cabeça e sentir dificuldade em realizar tarefas básicas. Além disso, podem também sentir dificuldade em se relacionar, ter sua autoestima abalada e não conseguir olhar nos olhos de outras pessoas. Mas você não precisa conviver com isso! Hoje em dia, existem vários tratamentos para o estrabismo como óculos, botox e cirurgia. Busque um Oftalmologista Especialista que irá indicar o melhor tratamento para você! Não se subestime e nem se sinta inferior por causa do estrabismo. Você possui qualidades e defeitos como qualquer outra pessoa!
Se você tem estrabismo, com ou sem diplopia, você não está sozinho! Converse com o seu médico, busque um Psicólogo especialista e participe de grupos com pessoas que também tenham estrabismo para compartilharem suas experiências. Se ame do que jeito que é e seja feliz!
E a boa notícia é que você pode iniciar o tratamento agora mesmo, independente da sua idade!
O tratamento irá melhorar significamente sua qualidade de vida, sua autoestima, relações pessoais e outros aspectos relacionados à sua saúde, como dores, falta de suporte e direção. O seu bem estar deve estar sempre em primeiro lugar! Cuide-se!
Confira a frequência e o tipo de preocupações relacionadas à qualidade de vida encontradas neste estudo.
Tópicos – ordem alfabética | Pacientes com diplopia (n = 17) |
Pacientes sem diplopia (n = 13) |
Tópicos – ordem alfabética | Pacientes com diplopia (n = 17) |
Pacientes sem diplopia (n = 13) |
---|---|---|---|---|---|
Adaptação | 11 (65%) | 9 (69%) | Dor de cabeça | 4 (24%) | 3 (23%) |
Irritante | 7 (41%) | 2 (15%) | Hobbies | 6 (35%) | 2 (15%) |
Ansiedade | 10 (59%) | 6 (46%) | Relações interpessoais | 7 (41%) | 10 (77%) |
Aparência para os outros | 8 (47%) | 12 (92%) | Ciúmes | 2 (12%) | – |
Aparência para si mesmo | 10 (59%) | 9 (69%) | Falta de suporte | 8 (47%) | – |
Dor nas costas / pescoço | 4 (24%) | – | Iluminação | 6 (35%) | 3 (23%) |
Esbarrar nas coisas | 3 (18%) | – | Conhecendo pessoas | 2 (12%) | 7 (54%) |
Ambientes ocupados / estranhos | 5 (29%) | 3 (23%) | Fechamento de olho monocular | 11 (65%) | 5 (38%) |
Postura corporal compensatória | 9 (53%) | 3 (23%) | Sentimento negativo não específico | 15 (88%) | 9 (69%) |
Computador | 4 (24%) | 3 (23%) | Desconforto físico | 5 (29%) | 4 (31%) |
Concentração | 8 (47%) | 6 (46%) | Prismas | 8 (47%) | 2 (15%) |
Confiança de outros | 3 (18%) | 7 (54%) | Lendo | 12 (71%) | 5 (38%) |
Cozinhando | 4 (24%) | 1 (8%) | Renúncia | 9 (53%) | 8 (62%) |
Percepção de profundidade | 8 (47%) | 8 (62%) | Auto confiança | 12 (71%) | 8 (62%) |
Dirigindo | 14 (82%) | 9 (69%) | Auto-consciente | 12 (71%) | 7 (54%) |
Efeito da fadiga | 5 (29%) | 5 (38%) | Auto estima | 13 (76%) | 9 (69%) |
Esforços para reduzir os sintomas | 9 (53%) | 9 (69%) | De costura | 5 (29%) | – |
Contato visual | 5 (29%) | 10 (77%) | Social | 11 (65%) | 6 (46%) |
Contato visual de outras pessoas | 3 (18%) | 9 (69%) | Deficiência específica | 8 (47%) | 4 (31%) |
Fadiga ocular | 4 (24%) | 3 (23%) | Esportes | 5 (29%) | 6 (46%) |
Financeiro | 10 (59%) | 8 (62%) | Passos | 4 (24%) | 1 (8%) |
Frustrante | 10 (59%) | 4 (31%) | Provocação | 6 (35%) | 6 (46%) |
Deficiência geral | 15 (88%) | 6 (46%) | Caminhando | 4 (24%) | – |
Função visual geral | 11 (65%) | 7 (54%) | Trabalhos | 11 (65%) | 7 (54%) |
Fonte do estudo: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2241762/
O impacto na autoestima causada pelo estrabismo pode ser devastador, principalmente em crianças. Os pais devem orientá-las desde cedo e avisá-las que tem uma característica diferente das outras pessoas, mas que isso não faz dela menos capaz do que as demais.
Nos adultos, infelizmente o preconceito continua e muitos têm problemas com a sua autoestima. Essa discriminação acaba afetando sua vida social e até profissional. Muitos sentem dificuldade em olhar nos olhos de outras pessoas.
Lembre-se: Uma pessoa não se resume ao estrabismo, ela tem as mesmas capacidades e limitações de qualquer um!
Leia mais em: estrabismo adulto, pode acontecer?
O Estrabismo tem cura sim! Porém quanto mais cedo é iniciado o tratamento, mais efetivos serão os resultados.
Quando o estrabismo aparece já na fase adulta, o médico irá tentar descobrir se é consequência de alguma doença neurológica como AVC, alterações vasculares (diabetes, hipertensão e aneurismas), tumores ou se seu aparecimento tem apenas origem ocular.
O tratamento para estrabismo no adulto normalmente é iniciado com o uso de óculos ou lentes de contato para corrigir dificuldades de visão que podem estar causando ou agravando o problema.
O Estrabismo também pode ser corrigido cirurgicamente, se houver indicação clínica e se o paciente assim o desejar.
Leia mais em Como é feita a Cirurgia do Estrabismo?
2 Comentários
[…] Quais são os benefícios da cirurgia do estrabismo? Pessoas de todas as idades com estrabismo perceptível podem ter dificuldades psicossociais. Entende-se por psicossocial o que compreende simultaneamente a psicologia individual e a vida social. Essas pessoas também podem sofrer um impacto socioeconômico e sentirem sua autoestima afetada. Isso tudo faz parte dos efeitos do estrabismo na qualidade de vida. […]
[…] Entende-se por psicossocial o que compreende simultaneamente a psicologia individual e a vida social. Essas pessoas também podem sofrer um impacto socioeconômico e sentirem sua autoestima afetada. Isso tudo faz parte dos efeitos do estrabismo na qualidade de vida. […]